António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho, foi professor, pedagogo e autor de manuais escolares, historiador da ciência e da educação, divulgador científico e poeta.
Nos livros de poesia que publicou os seus poemas deixam transparecer o seu amor à ciência, ao conhecimento e à vida, a sua paixão pela História de Portugal e as suas preocupações sociais. Alguns dos seus poemas foram musicados e cantados por vários artistas portugueses, como é o caso de Pedra Filosofal, musicado por Manuel Freire e Lágrima de preta, no qual o poeta usou elementos ligados à Química para transmitir uma mensagem de luta contra o racismo.
Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
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